O cenário nuclear!

A tentação nuclear estará nas mãos de Putin dentro de poucos dias, e não faltam chefes de Estado e de Governo europeus que já «normalizaram», nas suas cabeças, que esse confronto poderá ser inevitável

A partir de agora, com os «referendos» terminados, e depois com a aprovação pela Duma, da anexação de 4 territórios ucranianos, que vão de Luhansk a Kherson, 15 a 20% da Ucrânia, estarão criadas as condições para Putin usar armas nucleares. O aviso tem sido feito repetidamente, invocando uma disposição do conceito estratégico militar russo: armas de destruição maciça serão usadas se estiver em causa a sua integridade territorial. Putin, Lavrov, Medvedev e outros lunáticos já anunciaram o apocalipse, e esta anexação, que ninguém aceita, mas que nada importa ao Kremlin, é o passo necessário para se abrir a porta do arsenal nuclear.

Os Estados Unidos, o Reino Unido e a NATO, mas também toda a Europa e países de outros continentes já perceberam que se vai estar a um passo dessa loucura, e por isso mesmo não faltam os preparativos, nem os cenários, para enfrentar e responder a um disparo nuclear. O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA foi explícito ao dar a conhecer que já usaram todas as vias, e meios, para informar Putin de que terá uma resposta à altura, e destruidora para o seu país. De uma só vez, o presidente russo, e o gangue que o acompanha, está a meter-se com três potências nucleares, o que dá uma ideia da dimensão da sua insanidade.

Putin acredita que a dissuasão em que assenta o conceito da Destruição Mútua Assegurada (MAD) jogará a seu favor. Se usar armas nucleares táticas, a retaliação americana, ou da NATO, não chegará ao mesmo nível. Por medo de uma escalada. Esta convicção é baseada, certamente, no argumento do Patriarca Cirilo, que incita os russos a morrer na Ucrânia, para se redimirem de todos os pecados. Um pecador morto, já não peca. É o argumento dos mártires da Al-Qaeda, ou dos talibãs.

A tentação nuclear estará nas mãos de Putin dentro de poucos dias, e não faltam chefes de Estado e de Governo europeus que já «normalizaram», nas suas cabeças, que esse confronto poderá ser inevitável. A Destruição Mútua está Assegurada, só não se conhece, nem conhecerá, em antecipação, se envolverá apenas um Continente, ou todos, de uma vez. Como foi possível chegar aqui? A um ponto limite em que um homem só, desesperado, escondido num bunker, poderá desencadear a catástrofe nuclear?

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